quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Atividade realizada no curço de AEE-DI

UNINTESE               UTP - Universidade Tuiuti do Paraná

Curso de Capacitação em “EDUCAÇÃO ESPECIAL”

RESENHA CRITICA EM “DEFICIÊNCIA MENTAL”`

PROFESSOR: PEDRO LUIZ STIELER

SANTA ROSA, RS, 22 DE AGOSTO DE 2009

PAULINHA SCHNEIDER

RESENHA: DEFICIÊNCIA MENTAL

PESSOTTI, Isaias. Deficiência mental: da superstição à ciência. São Paulo: EDUSP, 1984. 204p.

Bacharelou-se em Filosofia, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), em 1955 (Sei que o professor Isaias orgulha-se de dizer que se graduou em Filosofia pela “Maria Antônia”). Obteve o título de Especialista em Educação, pela Universidad de Chile em um curso oferecido pela Organização das Nações Unidas, para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em 1959. Doutorou-se em Ciências, com distinção, também pela Universidade de São Paulo, em 1969. Sua carreira acadêmica centralizou-se no Departamento de Neuropsiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, onde ingressara em 1967. Tornou-se Livre Docente em 1977, Professor Adjunto em 1981 e Professor Titular em 1984 junto a essa Universidade, sempre por concurso público de títulos e provas.
Embora este momento histórico não registre na literatura muitas referências quanto aos portadores de deficiência, é sabido que em Esparta crianças portadoras de deficiências físicas ou mentais eram consideradas subumanas, o que legitimava sua eliminação ou abandono. Portanto, pode-se dizer que não existia nenhum processo de interação com tais indivíduos.
Pensar a deficiência mental historicamente faz-se necessário em qualquer texto que a ela se refira, uma vez que tal fato consiste em localizá-la têmpora-espacialmente, fazendo com que percebamos que a maneira pela qual nos relacionamos com ela depende fundamentalmente do momento histórico e da ideologia que permeia a sociedade em questão.
Como podemos perceber, ainda que sob a égide da proteção e da bondade, a instituição se organiza, e permanece até hoje, com um aparato de controle e de resolução da problemática social ocasionada pelo portador de deficiência mental.
Pessotti (1984) faz uma revisão histórica a respeito da deficiência mental, destacando as concepções adotadas, em cada período, que influenciaram as atitudes da sociedade em relação à deficiência.
Destaca que com o passar dos séculos, as concepções sobre DM foram se ampliando, em parte como conseqüência das mudanças ocorridas nas sociedades e no campo científico. Mas, foi somente no século XIX que se percebeu uma postura de responsabilidade pública com relação às necessidades dos deficientes. No século XX, as ações se tomaram mais concretas, havendo uma multiplicidade de modos de encarar a DM, acarretando o surgimento de vários modelos explicativos, como o metafísico, o médico, o educacional, o da determinação social e o sócio-construtivista ou sócio-histórico.
Pessotti (1984), trata com bastante propriedade do movimento que o conceito de deficiência mental sofreu ao longo da história descrevendo-o minuciosamente como problema teológico, médico e científico.
Na Antigüidade, o deficiente mental era abandonado ao relento. Atitude considerada coerente com os ideais morais da época, em que a perfeição do indivíduo e a eugenia eram valorizadas. De acordo com Pessotti (1984), em Esparta os deficientes mentais eram considerados sub-humanos, o que legitimava a morte e o abandono deles.
Durante a Idade Média, a deficiência é concebida como um fenômeno metafísico e espiritual por conta da influência do Cristianismo, que reconhece a pessoa com deficiência como possuidora de alma e, portanto, merecedora de cuidados, o que levou as ordens religiosas ao acolhimento dessas pessoas. Apesar de serem vistos como filhos de Deus, ainda pesava sobre os deficientes o caráter do demoníaco; por serem considerados produtos da união entre a mulher e o demônio. Esta ambivalência caridade-castigo revela a postura da sociedade daquela época, que no entender de Pessotti (1984) tal ambivalência era a marca atitudinal medieval diante da deficiência mental. É importante ressaltar que o binômio caridade-castigo justificava vários tipos de agressões contra os deficientes mentais, tais como: a fogueira da Inquisição, maus-tratos, torturas e punições .
Nos séculos XVII e XVIII, as concepções sobre deficiência ampliaram-se em todas as áreas do conhecimento, favorecendo atitudes desde a institucionalização até a educação especial diante da deficiência mental. Nestes dois séculos houve um avanço da medicina, prevalecendo assim uma visão organicista da deficiência mental enquanto problema médico e não espiritual. Pessotti (1984) em sua análise da história do conceito de deficiência mental menciona que a medicina contrariou a visão católica e luterana no trato e na caracterização do deficiente mental, afirmando que o DM não era tomado pelo diabo e nem digno de tortura e fogueira, mas deveria ser visto como doente ou vítima de forças sobre-humanas, cósmicas ou não, bem como digno de tratamento e complacência. Segundo esse autor houve um momento em que a DM foi concebida como um problema neurológico. Conclui-se que as pessoas com deficiência mental foram, durante muito tempo, consideradas monstruosas, diferentes, possuídas pelo demônio e, por conseqüência dessas explicações, a sociedade legitimou a morte e o abandono literal delas.
Conforme o autor, as pessoas com deficiência mental têm sido consideradas demônios, criaturas de Deus, seres amaldiçoados, videntes, quase animais, pobres coitados, doentes, etc. São muitos os valores atribuídos à deficiência e não é objetivo deste artigo uma retomada cronológica.
Sendo que, a história nos mostra é que, aos poucos, as questões relacionadas à deficiência mental foram sendo retiradas (das mãos da religião e do misticismo e colocadas nas mãos da medicina e da ciência: de atributo divino a desvio biológico. Mais recentemente, com o avanço dos estudos da sociologia, principalmente aqueles que buscam na sociedade a compreensão da individualidade, surgem à concepção de deficiência como construção social. Tal perspectiva, se tomada radicalmente, sustenta-se com dificuldade no meio científico, frente à constatação objetiva dos aspectos orgânicos/estruturais da deficiência mental. No entanto, atualmente, dificilmente encontraremos um estudioso sério que se aventure a negar o papel do meio social na configuração da condição da pessoa com deficiência mental.
A obra em questão é indicada para profissionais que atuam na área de psicologia e de educação, pois o momento atual está direcionado as deficiências e sua inclusão.

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